28.2.09

Bernard Kouchner visto por Pierre Péan...


resulta um livro extremamente polémico, que revela os contornos financeiros da actividade de consultor de um dos homens políticos franceses mais populares. Ainda não o li, mas consultei o dossier de France Inter sobre os negócios africanos do Dr. Kouchner. Elucidativo, permite a cada um de determinar a fronteira pessoal entre ilegalidade e amoralidade.

Séraphine...

Louis, mais conhecida como Séraphine de Senlis (1864-1942), trabalhou como empregada doméstica, primeiro num convento, depois numa familia burguesa. Um dia, com 42 anos, ouve uma voz que lhe dá a ordem de pintar. Completamente autodidacta, fabrica os seus próprios pigmentos. Profundamente mística, dizia "Mon geste vient d'en Haut".

As suas primeiras telas interpelam o colecionador alem
ão Wilhelm Uhde, amigo de Braque et de Picasso, que aluga um apartamento em Senlis, nos arredores de Paris, e que, surpreendido pela intensidade latente, encoraja-a a continuar nessa via. Durante a primeira guerra mundial, Wilhelm Uhde deve fugir de França e Séraphine cai na miséria. De regresso em 1927, ele organiza exposições para mostrar as telas, grandes ramos de flores e de folhas. Mas Séraphine enlouquece pouco a pouco. Morre com 78 anos num hospital psiquiátrico onde foi internada apos um escândalo público, deixando cerca de 80 obras.

Vi este filme em Novembro de 2008, e reli, logo a seguir, a biografia de Camille Claudel, e embora a vida desta última tenha sido completamente diferente, a semelhança entre os dois fins de vida deixa alguma perplexidade, como se a originalidade tivesse que ser expiada.

Ontem à noite a cerimónia dos Césars reconheceu a qualidade extrema da composição de uma actriz fora de normas, Yolande Moreau, completamente habitada pela personagem de Séraphine. Algumas obras podem ser vistas no Museu Maillol, em Paris, até 31 de Março.

Lido no Slate...


uma crónica de François Hollande sobre a fusão de dois bancos franceses : "Caisse d'Epargne" e "Banque Populaire". Interessante tomada de posição.

27.2.09

Espantoso !


Un diadème d’objets en suspension autour de notre bonne vieille planète bleue. C’est ce que laisse voir cette image réalisée sur les ordinateurs de l’Agence spatiale européenne (ESA). On estime qu’ils sont plus de 18000, du simple boulon au satellite obsolète, à tourner en orbite autour de la Terre. Pour certains, ce sont des débris provoqués par des collisions, comme celle du mardi 10 février 2009, à 16h56, où un satellite commercial américain Iridium 33 (560 kilos) a heurté un vieil engin militaire russe, Cosmos 2251 (900 kilos). La rencontre s’est faite à environ 800 kilomètres au-dessus de la péninsule de Taïmir, en Sibérie, à une vitesse qu’on estime de 11,6 kilomètres/seconde. (ESA/AFP)

Sem mais palavras...

Ilusão óptica...


encontrada no site Mindcipher

26.2.09

Mas sei que...


o fotógrafo oficial da Casa Branca é um luso-descendente, Pete de Souza.

Eis o artigo da Wikipédia :

Né en 1954 à South Dartmouth, Massachusetts, il est diplomé d'un bachelor of science en communication publique de l'université de Boston et d'un masters en journalisme et communication de masse de l'université d'État du Kansas.

Il fut photographe officiel de la Maison Blanche pour le président Ronald Reagan de juin 1983 jusqu'à la fin de son mandat en 1989. Basé à Washington DC, il travailla pendant 10 ans comme photographe du groupe de presse du Chicago Tribune et à ce titre couvrit l'arrivée au Sénat d'Obama en 2005. Il le rencontra pour la première fois lors de sa prestation de serment comme sénateur démocrate de l'Illinois en janvier 2005. Il suivra sa première année au Sénat, l'accompagnant sur plusieurs de ses voyages à l'étranger dont au Kenya, en Afrique du Sud et en Russie. En juillet 2008, Souza publia un recueil de photos qui allait devenir un bestseller "The Rise of Barack Obama" dans lequel il avait compilé les meilleurs photos sur Obama.

Souza a aussi travaillé en freelance pour les magazines National Geographic et Life. Après les attentats du 11 septembre, il fut parmi les premiers journalistes à couvrir la guerre en Afghanistan et la chute de Kaboul.

Il était professeur assistant à la School of Visual Communication de l'université de l'Ohio quand l'équipe de transition lui demanda de devenir le photographe officiel du futur président.

Fiquei sem saber...

se, finalmente, o Presidente Obama tinha escolhido o cão de água português como animal de companhia para as suas filhas. Li a notícia da Lusa antes da escolha fatal, mas certamente perdi a notícia final. Este desenho humoristíco lembra os procedimentos americanos de investigação antes da aprovação dos responsáveis políticos. Não sei se o nosso representante canino resistiu a tanta pressão !

25.2.09

Por terras espanholas...

após Bilbau e o museu Guggenheim, rumo a Hernani para visitar a casa-museu Chillida, mas pouca sorte, estava fechado. Barcelona no final do dia, e serão de tapas, passeio pelas "ramblas" e música ao vivo.

24.2.09

Ben E. King : Stand by me

Gnarls Barkley : Crazy

1 milhão de $ de economia...


se os estados americanos renunciarem a aplicar a pena de morte, por razões orçamentais e não humanitárias. É um dos efeitos secundários inesperados da crise actual. Com efeito, a pena de morte custa 10 vezes mais do que a prisão perpétua.

A valsa dos prefeitos...

Em França, nos últimos dois anos, a esmagadora maioria dos prefeitos foram substituídos. Não sei se deva desejar ao actual prefeito da ilha da Guadalupe o mesmo fim.

23.2.09

Acabei de ler "American Darling"...


de Russell Banks.

Epok, hebdo da Fnac : Recherchée par le FBI, une ex-militante gauchiste américaine s’enfuit clandestinement pour l’Afrique. Sa nouvelle vie, c’est au Liberia qu’elle va la faire : mariée au ministre de la Santé, elle donne naissance à trois enfants et s’investit corps et âme dans la protection des chimpanzés. Russell Banks entrelace la destinée de cette héroïne attachante à l’histoire politique du Liberia, théâtre d’une guerre civile sanglante plus ou moins téléguidée par les intérêts américains. Malgré quelques longueurs et invraisemblances, on se laisse happer par cette fresque africaine que l’auteur d’Affliction mène de main de maître jusqu’au dénouement.

A primeira frase : "Après bien des années où j'ai cru que je ne rêvais plus jamais de rien, j'ai rêvé de l'Afrique".

A última frase : "Dans la nouvelle histoire de l'Amérique, la mienne n'était que celle d'une petite américaine gâtée, et l'avait été depuis le début".

22.2.09

Jogo ecologista...


Uma associação francesa propõe um jogo gratuito em linha, Clim'City, a fim de aprender a reduzir o consumo energético.

Titanic e a cortesia british ...


um estudo inglês revela que os passageiros de nacionalidade inglesa foram mais numerosos a morrer, em razão do seu comportamento cortês : fizeram bicha e aguardaram pacientemente as ordens. Em suma, portaram-se e morreram como autênticos gentlemen. Contam-se mais sobreviventes entre os americanos, mais individualistas !

Aluga-se família...

novo conceito no Japão, onde uma agência propõe um pai de aluguer para famílias monoparentais para ajudar as crianças a fazer o trabalho de casa, dar um passeio ou assistir às reuniões na escola. Também propõe família alugada para um funeral, só que será devido um suplemento se for necessário discursar sobre a perda do ente querido !

Conhecer, de Miguel Esteves Cardoso com uma fotografia de Inês Gonçalves...


Nunca vou ao fim das coisas. Tudo começa. Nada acaba. Eu não deixo. No meu sonho, tudo continua, tudo se repete, mesmo que seja preciso interrompê-las de vez em quando. Tenho medo que acabem. Porque é que se hão-de levar as coisas ao fim?

Amo o incompleto, o suspenso, o atravessado, o interrompido. Os fins entristecem-me. Viver as coisas até ao fim é matá-las.

E trocá-las por outras novas é traí-las. Melhor trazê-las sempre, duvidosas e imprevisíveis mas ainda gostadas e presentes
.

Se acabo um livro, sinto-me derrotado, fico deprimido, queria que continuasse, e não continua. Reler não é a mesma coisa. Lembrar não é tão bom como viver. Mas é melhor do que matar. Repugna-me a ideia das relações humanas que se «esgotam». Faz lembrar esgotos. Como se um sentimento se pudesse despachar. É preferível abandonar a pessoa que se ama e guardar o amor que se tem por ela a segui-la até à saciedade.


As pessoas namoram e ficam casadas até se odiarem. Os amigos convivem de mais e começam a chatear-se. As famílias passam tempo de mais juntas, até descobrirem todos os defeitos de cada uma. Dir-se-ia que as pessoas não suportam ter o coração dependente e então cansam-no propositadamente, para se verem livres do sentimento verdadeiro e bom que sentiam.

Porque é que as pessoas que querem ser livres, independentes e tudo o mais, são aquelas que mais mal aguentam a solidão? Porque, para o mal e para o bem, habituaram-se a uma companhia constante. Não percebem que as saudades, os desejos nunca realizados, os sonhos que ficaram suspensos, são a melhor companhia (embora também a mais triste) que se pode ter?

Nunca se deve conhecer nada a fundo. Não falando na pretensão de pensar que se pode conhecer. Quando se diz «Conheço-o como as palmas das minhas mãos», há sempre uma insinuação feia e negativa. As pessoas, quando estão tristes ou mal-dispostas, não deveriam expor-se. É uma falta de respeito pelos outros.


Deve-se ser turista nas coisas do amor. Conservar o deslumbramento. Fechar os olhos quando desmorona a fachada. A intimidade verdadeira é partilhar a descrença na ilusão. Um navio visto ao longe. A lua. Os microscópios são detestáveis. Quem quer conhecer os segredos da casa das máquinas ou a superfície das estrelas? Não é por se estar mais próximo que se está mais próximo da verdade. A verdade é aquilo em que acreditamos.


Quem acredita ainda na distinção entre conhecimento e fé? Porquê provocar, remexer no passado, fazer perguntas? É como se as pessoas quisessem destruir o que as comove. É esse o sentido da frase de Wilde, que cada pessoa mata aquilo que ama. E tudo o que ele diz sobre a superfície é profundo. Não é só horrendo saber a «verdade» sobre James Dean ou Marilyn Monroe " é um engano arrogante. As coisas também se percebem, também se amam, à distância.


Para mim, as fotografias de Inês Gonçalves é que são Portugal. Não são as reportagens e as notícias. E não admito que me chamem romântico. Eu sei que por trás daquele miúdo ou daquela árvore há não sei quê e não sei que mais. A Inês também sabe. Por isso é que fotografa como fotografa. Entre o que vê e o que fotografa vai a distância que eu admiro e, não só isso, sei que vai ficar. Entre ser esclarecido e ser iluminado, não há diferença. Mas, se houvesse, eu prefiro ser iluminado. Prefiro a revelação ao registo. Não me custa nada dizer que as fotografias da Inês são o «por trás» do «por trás», já que mostram a alma portuguesa fora do tempo e das circunstâncias, mas, ao mesmo tempo, sem mentir, dentro delas.


Gosto de tudo a que chamam «cerimónia» e «boa educação». Odeio-me quando cedo a ler biografias de escritores que admiro. Tenho a certeza que a chamada «face» pública, que é a obra, que é o rosto que mostram, é não só mais bonita como mais verdadeira que as pesquisas arqueológicas que tencionam revelar o lado particular com a ideia de que esta está escondida, é clandestina, e deita luz sobre o que já se sabe. Com o tempo, o que é que fica da vida de Platão ou de Camões? O que é que interessa?

Mas as pessoas não devem aguentar o amor, porque, mal amam, logo procuram destruí-lo com a falsa noção do conhecimento. É a mania dos «bastidores». Que interesse podem ter os bastidores duma pessoa ou de uma peça de teatro? O que é que tem a tecnologia do cd a ver com a música? O sistema de canalização de uma casa? Uma ecografia? Não completam nada. São outras coisas separadas.

Em boa verdade, eu não sei por que é que um pássaro voa, nem quero saber. Voar já é tanto. Explicar o voo morfologicamente é reduzi-lo, é fazê-lo aterrar. O que é banal para o pássaro tem de continuar a ser maravilhoso para nós. Walt Disney é uma coisa. A biologia e as técnicas de animação são outras.


Gosto das primeiras impressões, sobretudo quando se vão repetindo ao longo dos tempos. Odeio e evito as descobertas, género «Descobri que Fulano era afinal um malandro». Este afinal, com o seu tom peremptório e arrogante, como se fosse possível definir definitivamente um ser humano, irrita-me. É um acto de amizade não estar sempre a vasculhar e a reinterpretar os amigos. Toda a gente sabe que as pessoas são polifacetadas " mas porque não restringirmo-nos à faceta que conhecemos de que mais gostamos?

A vida é muito complicada e o nosso coração precisa de simplificá-la, sem ter medo de se «enganar». É preciso resistir à curiosidade e à arrogância. Conhecer deveria ser só o primeiro passo.

Quem sai aos seus...

21.2.09

Mulheres a dias que cantam...

Assisti ontem à noite numa "maison de quartier" em Tremblay-en-France, nos arredores de Paris, à projecção do filme documentário de um jovem cineasta luso-descendente, Jean Philippe Neiva "Entre deux rêves". O público era extrêmamente cosmopolita : jovens franceses de origem maroquina ou tunisina, portugueses, franceses de idade avançada (o mais jovem tinha 71 anos !), franceses originários das Antilhas francesas, jugoslavos, senegaleses, congoleses, guinéenses, pelo o que consegui apurar.

O debate proporcionou momentos interessantes de troca e de partilha. Um dos momentos mais fortes foi quando um jovem maroquino de 11 anos, entre gargalhadas e piadas dos amigos, perguntou porque é que as mulheres a dias cantavam, em referência a uma cena do filme onde uma dezena mulheres portuguesas, com avental e touca, lavavam a louça nos bastidores de uma festa associativa, e cantavam à desgarrada. N
ão conseguia compreender como é que se tinha vontade de cantar quando se trabalha. Jean-Philippe registou a frase para um futuro trabalho.

19.2.09

A crise...

Os desatracados de Miguel Esteves Cardoso...


Se os portugueses vêem cada vez mais televisão, também há cada vez mais que não vêem. Nunca. Nem tão-pouco acompanham as coisas ditas de interesse público, sejam culturais, comerciais ou lá o que for. Desatracaram-se.

Os atracados andam a reboque da mesma caravana de agendas. Cada um tem uma opinião diferente. Mas todos vêem os mesmos programas e falam das mesmas pessoas e dos mesmos casos. Não é a discussão que é oprimente: é a agenda. A agenda é a lista das coisas escolhidas pelos empresários, políticos e editores para nós lermos; vermos; comprarmos; conhecermos; discutirmos.

É como o futebol. E basta não ligar ao futebol para ver o que se perde: nada. O pouco que importa acaba por chegar a toda a gente, já muito bem filtradinho, muito obrigado.

Graças à Internet, cada vez há mais desatracados. Lêem livros que mais ninguém está a ler; mergulham em mundos esquecidos; descobrem coisas tão novas que ainda nem coisas são; ouvem música fora de todas as modas; acompanham pessoas e problemas e pensamentos que se diria nada terem a ver com eles. Mas têm; acabam por ter. E isso é bom.

Desatracar não é rejeitar a realidade nem é ser hostil aos marcadores de agenda. É apenas pedir licença para não seguir o fio da realidade que está a ser distribuído a dado momento. É seguir outro fio, escolhido por cada um, sem grandes critérios ou seriedade até. E, quando se cruzam os dois, costuma ser interessantíssimo. E é giro.

Miguel Esteves Cardoso, Público de 18 de Janeiro de 2009.

Change is gonna come...



Podia ser eu...

18.2.09

Dr. House...


Médico investigador de doenças, irritante, arrogante, falsamente preguiçoso e indiferente, só pega num caso quando o intriga, analgésico-dependente, não mostra sentimentos nem se comove com os casos dramáticos, insuportável e inconveniente, mas no final é um poço de sabedoria com rasgos de genialidade. Adoro ! Primeiro episódio desta nova temporada hoje à noite. Mas detesto esta prática de juntar 2 ou 3 episódios num único serão. Perde-se assim o desejo que nasce da espera.

Zimbabué ainda...

Os donativos destinados a Robert Mugabé devem ser depositados numa conta aberta para o efeito, mas apenas em dólares americanos. Pois, compreende-se melhor esta exigência quando se sabe que 10 milhões de dólares do Zimbabué valem 2,50 €.

Fatwas eclesiásticas...


  • D. José Policarpo avisa as mulheres católicas contra os perigos dos casamentos com homens muçulmanos ;
  • D. José Saraiva Martins alerta para a anormalidade da homossexualidade ;
  • D. Richard Williamson nega a existência de câmaras de gás ;

Não há pachorra !

Desenho de Wiaz...



Publicado no dia 15 de Outubro de 2008 no Nouvel Observateur e sempre actual !

Mesmo chapéu e mais sorrisos...



Os meus agradecimentos a Leeland.

Chapéu e sorriso...


Aretha Franklin, na tomada de posse de Obama

Um copo de vinho...

por dia favorece o aparecimento de cancros : é a triste constatação do "Institut National du Cancer - INCA" que editou ontem uma brochura que faz a síntese dos estudos internacionais mais recentes sobre esta matéria, o que contraria profundamente a velha teoria de que um copo de vinho por ano era benéfico para a saùde. Jeanne Calment, a decana francesa que chegou aos 120 ans de bela maneira, por, soi-disant, nunca ter deixado de beber o seu copinho à refeição, muito contribuiu para esta teoria.

Como sou pouco dada a asceses, vou continuar na minha, comendo, bebendo, ..., em suma, vivendo... esperando um dia enterrar o meu médico !

Sarkothon 2009...

uma iniciativa do BibliObs e um texto cheio de ironia de J. Drillon e F. Pliskin :

"Le 28 janvier, Nicolas Sarkozy aura 54 ans, et il souffre d'une maladie, l'allergie à la littérature. C'est pourquoi nous lançons une grande opération thérapeutique : redonner le goût de la lecture à l'ennemi personnel de Mme de La Fayette :

Monsieur le Président,

Serait-ce à force d’admirer les chiffres sur le cadran de votre Breitling que vous avez pris les lettres en horreur ? Vous nous rappelez sans cesse que le but de notre vie, c’est de gagner plus. Hélas, sous votre présidence, les Français n’ont plus d’argent. Des «cinq ou six cerveaux» que vous prête votre moitié, aucun ne semble stimulé par la chose écrite. La chose comptée vous importe seule, et il n’est pas jusqu’aux sans-papiers, êtres humains parmi les êtres humains, que vous ne dénombriez par paquets de mille. Un texte, semblez-vous demander, combien de divisions ? Les richesses d’un livre, la multiplicité des tons et des voix sont lettre morte pour vous. Pourquoi reconduire à la frontière de votre conscience cette diversité-là ?

Vous nous souhaitez bonne année dans la bibliothèque de l’Elysée, mais ses livres trop bien rangés montrent assez que vous n’en avez lu aucun ; vous aimez à vous parer d’Aimé Césaire et de Claude Lévi-Strauss comme d’un people et d’un top model, et tout le monde sent bien que c’est pour le show et la chanson. Après cela, étonnez-vous, Monsieur le Président, qu’on aille vous classer dans la variété. Et si, au lieu de «faire du chiffre», vous faisiez des lettres ? D’où le Sarkothon 2009.

En guidant vos lectures, nous voudrions tempérer un peu votre «fureur d’accumuler», comme dit La Fontaine, et vous redonner le goût de notre patrie, de sa grandeur spirituelle et de son histoire littéraire. Puissent ces quelques ouvrages favoriser votre retour au pays natal."

Alguns dos livros oferecidos :
  • "Arrêtez d'arrêter", de Francis Mizio
  • "la Justice pour les nuls"
  • "Deux traités du gouvernement civil" de John Locke
  • "Le Petit Prince" de St Exupéry
  • "La fabrication du consentement - De la propagande médiatique en démocratie" de NoamChomsky
  • "les Fables" de La Fontaine
  • "Paradoxe sur le comédien" de Diderot
  • "Discours sur la servitude volontaire" de La Boétie
  • "Le livre dont vous êtes le héros"
  • "Mes hommes de lettres" de Catherine Meurisse
  • "Le Livre du courtisan" de Castiglione
e um comentário de um leitor "désabusé : "Envoyer un livre.... alors, un pavé !".

17.2.09

Um texto, três vozes, três vidas... uma escolha e uma certeza !

Fredericks, Goldman, Jones : Né en 17...

Et si j'étais né en 17 à Leidenstadt
Sur les ruines d'un champ de bataille
Aurais-je été meilleur ou pire que ces gens
Si j'avais été allemand ?

Bercé d'humiliation, de haine et d'ignorance
Nourri de rêves de revanche
Aurais-je été de ces improbables consciences
Larmes au milieu d'un torrent ?

Si j'avais grandi dans les docklands de Belfast
Soldat d'une foi, d'une caste
Aurais-je eu la force envers et contre les miens
De trahir, tendre une main ?

Si j'étais née blanche et riche à Johannesburg
Entre le pouvoir et la peur
Aurais-je entendu ces cris portés par le vent
Rien ne sera comme avant ?

On saura jamais ce qu'on a vraiment dans nos ventres
Caché derrière nos apparences
L'âme d'un brave ou d'un complice ou d'un bourreau ?
Ou le pire ou le plus beau ?
Serions-nous de ceux qui résistent ou bien les moutons d'un troupeau
S'il fallait plus que des mots ?

Et si j'étais né en 17 à Leidenstadt
Sur les ruines d'un champ de bataille
Aurais-je été meilleur ou pire que ces gens
Si j'avais été allemand ?

Et qu'on nous épargne à toi et moi si possible très longtemps
D'avoir à choisir un camp
.

Jason Mraz : I'm Yours

Journal d'un avocat...

Após a tribuna do cineasta Luc Besson no jornal Le Monde, "Halte au piratage à grande échelle via Internet !", deliciei-me com a leitura de um post no blog "Journal d'un avocat". A não perder !

Lido hoje...

A Caixa Geral de Depósitos está a enviar aos seus clientes mais modestos uma circular que deveria fazer corar de vergonha os administradores - principescamente pagos - daquela instituição bancária. A carta da CGD começa, como mandam as boas regras de marketing, por reafirmar o empenho do Banco em oferecer aos seus clientes as melhores condições de preço e de qualidade em toda a gama de prestação de serviços, incluindo no que respeita a despesas de manutenção nas contas à ordem.

As palavras de circunstância não chegam sequer a suscitar qualquer tipo de ilusões, dado que após novo parágrafo sobre racionalização e eficiência da gestão de contas, o estimado cliente é confrontado com a informação de que, para continuar a usufruir da isenção da comissão de despesas de manutenção, terá de ter em cada trimestre um saldo médio superior a 1000 €, ter crédito de vencimento ou ter aplicações financeiras associadas à respectiva conta.

Ora sucede que muitas contas,designadamente de pensionistas e reformados, são abertas por imposição legal. É o caso de um reformado por invalidez e quase septuagenário, que sobrevive com uma pensão de € 243,45 - que para ter direito ao piedoso subsídio diário de € 7,57 (sete euros e cinquenta e sete cêntimos!) foi forçado a abrir conta na CGD por determinação expressa da Segurança Social para receber a reforma.

Como se compreende, casos como este - e muitos são os portugueses que vivem abaixo ou no limiar da pobreza - não podem, de todo, preencher os requisitos impostos pela CGD e tão pouco dar-se ao luxo de pagar despesas de manutenção de uma conta que foram constrangidos a abrir para acolher a sua miséria. O mais escandaloso é que seja justamente uma instituição bancária que ano após ano apresenta lucros fabulosos e que aposenta os seus administradores, mesmo quando efémeros, com «obscenas» pensões (para citar Bagão Félix), a vir exigir a quem mal consegue sobreviver que contribua para engordar os seus lautos proventos.

16.2.09

... neste mundo de brutos !

2000 garrafas de champanhe Moët & Chandon, 8000 kg de lagosta, 100 kg de gambas e 3000 patos fazem parte da ementa da festa do 85º aniversário do presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, segundo denuncia o jornal Times.

Num país com 12 mihões de habitantes e em que 7 milhões dependem de ajuda humanitária para viver, com 94 por cento de taxa de desemprego, com uma inflação anual na ordem dos 231 milhões por cento e a viver uma epidemia de cólera que já matou mais de 3000 pessoas, esta festa é um verdadeiro insulto ao zimbabueanos.

Mas as barbaridades não ficam por aqui, há mais produtos encomendados para a festa: 4000 doses de caviar, 8000 caixas de bombons Ferrero Rocher, 16000 ovos, 3000 tartes de chocolate e baunilha, 4000 embalagens de salsichas de porco e 500 quilos de queijo.

Mugabe convidou os amigos mais próximos, empresários e membros do partido ZANU (União Nacional Africana do Zimbábue ) para participarem na sua festa de anos. Convidou-os também a contribuir com bens ou donativos num total estimado entre 38 e os 45 mil euros. Os donativos poderão ser depositados numa conta aberta para o efeito com o nome «Movimento do dia 21 de Fevereiro», mas apenas em dólares americanos.

Diplomatas do Ocidente e membros de missões de ajuda humanitária mostraram-se chocados quando souberam da festa e da sua dimensão. «É espantoso», disse um deles ao jornal Times. «É como se estivessem completamente inconscientes sobre a situação do país ou totalmente impermeáveis, sem se preocuparem».

(Portugal Digital)

Um pouco de ternura...


Sam sobreviveu aos incêndios e surgiu de dentro de uma floresta em cinzas. Um bombeiro aproximou-se e deu-lhe de beber. Sam bebeu 3 garrafas de água e pousou a pata na mão do bombeiro.

Ironia ?

Quantos seremos ?

Não sei quantos seremos, mas que importa?
Um só que fosse e já valia a pena,
Aqui na terra, alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente
Posta em cena.
Não podemos mudar a hora da chegada
Nem tão pouco a mais certa, a da partida,
Mas podemos partir à descoberta,
Do que presta
E não presta
Nesta vida.
E o que não presta é isto:
Esta mentira quotidiana
E triste
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste.

Miguel Torga

Leitura maratona de "A princesa de Clèves"...

para protestar contra a reforma do ensino superior, nomeadamente o estatuto dos professores/pesquisadores... ou como a heroína de Madame La Fayette se transformou num simbolo de oposição ao "sarkozismo". piores maneiras de manifestar o seu desacordo !

15.2.09

Charlie Winston : Like a Hobo

Vegas...


"É só um cão.
Se um cão pudesse ser só isso.
E de repente amamos os cães como se amam as pessoas e só quem tem, sabe o que é isto de amar os cães.
E eles estão ali, com uma estranha importância e uma fingida indiferença."

Lido no Segundo Impacto e imediatamente copiado.

Ler...

«Ai que prazer, não cumprir um dever, ter um livro para ler...»
Fernando Pessoa

Com Pablo Neruda...


Morre lentamente quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem destrói seu amor próprio,
quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajetos,
quem não muda de marca,
não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem evita uma paixão e seu redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos e os corações aos tropeços.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho ou amor,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite,
pelo menos uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos...

Viva hoje!
Arrisque hoje!
Faça hoje!
Não se deixe morrer lentamente.

Parc Monceau...


Passeio vesperal neste parque parisiense, certamente o mais burguês de Paris, interessante caleidoscópio de sociedades que nunca se misturam e só cohabitam quando se sentam nos bancos de madeira verde sob as frondosas árvores centenárias... caminho em silêncio, longe do carrossel das crianças bem vestidas e excitadas, sob o olhar atento das amas de feições exóticas e sobressaltadas...

Mar...

"Mar sonoro, mar sem fundo mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós.
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim."

Sophia de Mello Breyner tudo e melhor disse.


Entre nós um oceano. A emoção de te reencontrar e de falar contigo, e este oceano que se abriu, um mundo sem tempo, um mundo sem fim. Iniciamos esta viagem juntos. Temos tanto para partilhar. E estás aqui perto de mim. E tenho saudades. Esqueci-me de quase tudo, resta um desconsolado momento, mas sinto saudades. Estranha confusão. E uma certeza. Desta vez vamos juntos. Não te largo a mão. Nunca mais largo a tua mão.

Donald Westlake e Yehudi Menuhin, lido no Magazine Littéraire...

Westlake n’a jamais connu l’angoisse de la page blanche, et s’astreignait à une grande discipline, travaillant matin et soir, « sept jours par semaine, pour ne pas perdre les détails qui me viennent en cours de rédaction ». Afin d’expliquer sa conception stakhanoviste de l’écriture, il se référait à cette interview du violoniste Yehudi Menuhin, à qui l’on demandait s’il répétait toujours. « Je répète quotidiennement, avait répondu le virtuose. Si je rate une journée de répétition, je l’entendrai dans ma musique. Si je rate deux jours, le chef d’orchestre l’entendra. Et si je rate trois jours, là, c’est le public qui l’entendra ». Aussi, Donald Westlake n’a jamais cessé de travailler, même après son opération des yeux, en 2006.

Para eLe, com as palavras de Nuno Júdice...

"Quero dizer-te uma coisa simples : a tua ausência dói-me. Refiro-me a essa dor que não magoa, que se limita à alma ; mas que não deixa, por isso, de deixar alguns sinais - um peso nos olhos, no lugar da tua imagem, e um vazio nas mãos, como se as tuas mãos lhes tivessem roubado o tacto. São essas as formas do amor, podia dizer-te, e acrescentar que as coisas simples também podem ser complicadas, quando nos damos conta da diferença entre o sonho e a realidade. Porém, é o sonho que me traz a tua memória ; e a realidade aproxima-me de ti, agora que os dias correm mais depressa, e as palavras ficam presas numa refracção de instantes, quando a tua voz me chama de dentro de mim - e me faz responder-te uma coisa simples, como dizer que a tua ausência me dói."

Soneto da fidelidade de Vinicius de Moraes...

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa dizer do meu amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Piada portuguesa...

Heaven is where the police is British, the cooks French, the mechanics German, the lovers Italian and it is all organised by the Swiss.

Hell is where the chefs are British, the mechanics French, the lovers Swiss, the police German and it is all organised by the Italians !

E de novo acredito...

Palavras de Miguel Sousa Tavares depois da morte da mãe :

E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre.