26.3.09

Triste fait divers...

Ameaçado de expulsão do seu alojamento um homem de 58 anos suicida-se.

23.3.09

21.3.09

Arte mural...

em Dresde, Alemanha (Mathias Rietschel/Associated Press)

Papa em Angola...

por enquanto, falou de paz !

20.3.09

Miroir, mon beau miroir !

(Darren Staples/Reuters)

Realmente, não percebo...


como é que só 57 % dos franceses têm uma opinião negativa do papa !

Sidaction durante o fim de semana...


ou a maratona informativa sobre sida e os meios de prevenção : de primeira utilidade após as funestas declarações do Papa sobre os preservativos. Não diria unicamente, como o fez um economista pragmático, que os medicamentos estão no Norte e os doentes no Sul. Não, porque mesmo no nosso mundo ocidental, urge alertar e educar os mais jovens. E não se deveria esconder os doentes, que nunca mais apareceram na televisão após uma famosa emissão e a diatribe enervada de um activista de Act'Up. Porque a nossa realidade também é essa.

Pragmatismo...

Denis Pessin no www.slate.fr

... e humor negro em França...

Protesto de estudantes em Roma...

(Pier Paolo Cito/Associated Press)

Dia de greve em França...

(Jean-Paul Pelissier/Reuters)

16.3.09

12.3.09

Welcome...

filme magnífico de Philippe Lioret, várias histórias contadas de uma maneira simples, com duas personagens masculinas fortes, Bilal e Simon, que nada têm em comum e cujas vidas cruzam-se numa cidade cinzenta do Norte de França. Sob o modo anedótico (cena da recusa da entrada num supermercado de dois clandestinos que só pretendem comprar um sabonete para se lavarem) são abordados temas fortes, como o do racismo latente de uma população francesa que não quer ver a precaridade destes clandestinos, legalmente libres segundo as leis francesas sobre o asilo político, mas que não podem beneficiar da atenção e da ajuda dos cidadãos franceses, sob pena destes serem punidos fortemente (5 anos de prisão e 30.000 € de multa). Ao sair do cinema, veio-me ao pensamento o processo que correu em Paris, onde Jean Tibéri, presidente da Câmara de Paris durante 10 anos, encorre uma multa de 5.000 € por ter inscrito falsos eleitores nas listas eleitorais. Dois pesos, duas medidas !

E mais uma vez o actor Vincent Lindon é magistral, numa interpretação toda em "nuances", cheia de sensibilidade, generosidade e humanidade.

11.3.09

Humor mordaz de Van Dog... a não perder !


Mea culpa...

lido num blogue francês sobre os pontinhos :

"Dans la vie, les points de suspension m’exaspèrent. Ceci n'est pas une métaphore, je te parle de ponctuation. Ces trois petits points qui se la ramènent, avec leur air de ne pas y toucher, vraiment, je ne les supporte pas. Les points de suspension, c’est paresseux. Allez hop, on les met et on imagine que le tour est joué, laissant le soin à son interlocuteur de finir la phrase, comme il veut, comme il peut, c’est égal, advienne que pourra. Ou bien, on les utilise en connivence; on les met comme on taperait dans le dos, pour s’assurer la confiance, comme un bon vieux ‘tu me suis?’ ou ‘tu vois ce que je veux dire?’ Et bien non, je ne vois pas, je suis bigleux et je ne te suis pas, je ne suis pas un toutou! Soit dit en passant, il t'arrive d'en abuser carrément dans ton blog."

Mea culpa, porque uso e abuso desta pontuação, que acho poética. Não é o ponto final, que não autoriza divagações. Não é o ponto e vírgula, que separa duas partes de uma frase. Os 3 pontinhos abrem-me horizontes por explorar, e gosto da parte de incógnito que anunciam.

Espanta-me o espanto...

e a indignação súbita e geral em resposta à notícia da excomunhão de uma mãe brasileira, após o aborto de uma menina de nove anos, violada pelo padrasto e grávida de gémeos. Embora a indignação seja justificada, é surpreendente em relação à actuação de uma Igreja católica que costuma ser perseverante nos seus propósitos : negacionistas e vichistas acolhidos a braços abertos há poucas semanas, a prosperidade recente das teses "criacionistas", a excomunhão de uma mãe e da equipa médica de Recife. Em suma, tudo comunga na confirmação do que a história escreve acerca da Igreja católica. Seria utópico pensar que preferisse uma vida viva, seguramente viva, de uma menina de 9 anos destinada a uma morte certa, a uma vida ausente, vida ainda não viva, vida talvez problemática, de dois fetos. E num país onde subsiste o mito da teologia de libertação, é uma triste chamada à realidade.

4.3.09

L'homme qui gêne : artigo de Denis Sieffert...





texto completo no Politis de 26 de Fevereiro :

"L’humour, entre autres vertus, sert parfois à dire l’indicible. Rompu à la realpolitik, le négociateur palestinien Saëb Erekat s’est récemment interrogé sur l’attitude que la communauté internationale adopterait à l’encontre d’un gouvernement israélien comprenant dans ses rangs l’extrémiste Avigdor Lieberman. « L’Europe et les États-Unis ont boycotté un gouvernement palestinien où siégeaient des ministres du Hamas, nul doute qu’une décision semblable sera prise avec le prochain gouvernement israélien », a-t-il dit en substance. On objectera que ce propos ne devrait pas prêter à sourire. D’abord, parce que le personnage en question, qui veut des états juif et arabe ethniquement purs, et qui promet à Gaza le sort d’Hiroshima, n’incite guère à la plaisanterie ; ensuite, parce que la pression de la communauté internationale devrait en effet s’exercer sur les deux parties au conflit. Mais ce n’est, hélas, que de l’humour, parce que personne n’y croit. Tout le monde sait que ce M. Lieberman, une fois installé dans son ministère, serrera les mains de nos ministres et autres dirigeants occidentaux qui lui conféreront une honorabilité rien de moins qu’usurpée. Il n’empêche que la présence de cet ultra dans le futur gouvernement de Benyamin Netanyahou est embarrassante pour tout le monde. Elle l’est parce qu’elle prend à contre-pied la diplomatie que l’on prête à Barack Obama (que l’on « prête », parce que, pour l’instant, on ne l’a pas encore trop vue). Elle l’est parce qu’elle dit la vérité de ce gouvernement, et la vérité de la classe politique israélienne."

De tudo ficaram três coisas...

De tudo ficaram três coisas : a certeza de que estamos sempre começando, a certeza de que é preciso continuar, a certeza de que seremos interrompidos antes de terminar. Portanto, devemos : fazer da interrupção um caminho novo, do medo, uma escada, do sonho, uma ponte, da procura, um encontro.
Fernando Pessoa

3.3.09

Unusual architecture...

Casa em Guimaraes (vista no site Unusual Architecture).

Finalistas do prémio "Press club, humour et politique"



Actualmente seleccionados :

  • Jean-François Copé, presidente do grupo UMP da Assembleia da República : "Moi vivant, il n’y aura pas d’augmentation de la redevance».
  • Ségolène Royal, de regresso dos Estados Unidos : «J’ai inspiré Obama et ses équipes m’ont copiée».
  • Roselyne Bachelot, ministro do Desporto, apos uma vitória francesa : «Dans les vestiaires, nous n’avions qu’un mot : énorme !».
  • Luc Chatel, porta voz do Governo : «Le chef de l’Etat appelle parfois Brice Hortefeux pour ne rien lui dire. C’est la preuve de la qualité de leurs relations».
  • Nadine Morano, Secretária de Estado : «Je suis sarkozyste jusqu’au bout des globules».
  • Christine Albanel, ministro da Cultura : «Mes cheveux raccourcissent au fur et à mesure que mon expérience croît».
  • Jean-François Copé ainda, dizendo ao presidente Nicolas Sarkozy: «Tu as prévu de filer les clés de l’UMP à Xavier Bertrand; tu devrais en garder un double».
  • Bertrand Delanoë, presidente da Câmara de Paris : «Le vrai changement au PS, ce serait de gagner».
  • Jean-Pierre Raffarin, senador, antigo primeiro ministro UMP : «Le tour de taille n’est pas un handicap au Sénat».
  • Michel Rocard, antigo primeiro ministro PS: «Le PS est mal portant ; et comme je respecte les hôpitaux, je baisse la voix comme on doit le faire quand il y a un malade dans la place».

O juri é composto de 20 jornalistas e humoristas. Em junho de 2008, o prémio dintinguiu Jean-Louis Borloo pela frase : «Sarkozy, c’est le seul qui a été obligé de passer par l’Elysée pour devenir premier ministre».

Lido no Sol : Polícia italiana quer contratar hacker que prendeu

Um hacker romeno, condenado a três anos de prisão por fraude electrónica, poderá vir a ser contratado pelas autoridades italianas para combater outros cibercriminosos. O jovem de 22 anos é considerado um génio por vários especialistas

A ideia de contratar Gabriel Bodgan Ionescu partiu da procuradoria distrital de Como, no norte de Itália, entidade que o condenou em Dezembro de 2007 a três anos de prisão por fraude electrónica.

O jovem foi preso na casa dos seus pais, em Craiova, e posteriormente extraditado para Itália, onde foi condenado por ter participado num ataque de roubo de identidade, através do qual conseguiu clonar o site oficial dos Correios de Itália para roubar dinheiro deste organismo. O caso está a causar alguma surpresa e polémica, uma vez que Gabriel Ionescu é considerado um génio da informática, tendo mesmo sido distinguido com uma medalha de ouro das Olimpíadas da Informática dos Balcãs.

Esta não é a primeira oportunidade que o jovem recebe, dado que já no final do ano passado as autoridades permitiram que o hacker efectuasse um exame de admissão para a universidade de Milão, onde acabou o exame num tempo recorde e alcançou a melhor nota de sempre da instituição.

Além das autoridades, também uma empresa de segurança informática, já ofereceu um emprego em part-time ao jovem hacker.

USA News, crónica de um amigo americano, Fernando Sousa Marques : 3. A política externa


A Secretária de Estado, Hillary Clinton, está a realizar a sua primeira visita oficial. A parte da Ásia (Japão, Indonésia, Coreia do Sul e China).

É uma novidade. É a primeira vez que um Secretário de Estado americano não começa por visitar a Europa.

Mas é, também, um sinal de mudança. Depois de uma era de fixação obsessiva no "terrorismo", no mundo árabe, na necessidade de conseguir apoios europeus para as suas agressões militares, no apoio a Israel e à sua política expansionista e desestabilizadora e no desconhecimento do mundo (abandono de África, desprezo pela América Latina, ocupação do Médio Oriente, controlo do Paquistão), sopram ventos de mudança na política externa.

Estaremos para ver.

Anunciada que está a retirada do Iraque, ainda está por se saber se se confirma uma mudança estratégica no Afeganistão, com um enfoque especial, mais no desenvolvimento e no apoio às populações e menos nas acções militares.

A questão dos dois Estados, Israel e Palestina, está em cima da mesa. Como irão evoluir as relações com o Irão, a Síria, o Egipto ?

Os crimes do Darfur continuam. Será que África vai continuar a ser ocupada por interesses chineses e desinteresses generalizados ?

O bloqueio de Cuba continua. E, como a história mostra, essa acção tem servido para reforçar o apoio internacional e, principalmente, regional a essa mesma Cuba. Como irá evoluir a Organização dos Estados Americanos ? Permanecerá a relação privilegiada com a Colômbia, em detrimento de todos os outros estados da região ?

Depois de um século XX marcado pelo fim dos impérios tradicionais, pelo início do neo-colonialismo, pela que parecia ser a eterna disputa entre dois sistemas políticos e militares, pela globalização e as euforias bolsistas das novas sociedades da comunicação, entrámos numa nova era.

É difícil perceber o que se passa porque estamos, precisamente, dentro da arena. Somos mais participantes do que espectadores. Mas uma coisa é certa, na minha opinião. Faltam, a nível mundial e regional, políticas e líderes que apontem novos caminhos de entendimento e desenvolvimento universais.

Uma vez mais falta valorizar as utopias, os sonhos, as práticas culturais e políticas baseadas no respeito pelas diferenças e na valorização dos objectivos comuns.

USA News, crónica de um amigo americano, Fernando Sousa Marques : 2. A crise económica e financeira

Para além de diversas questões importantes que foram imediatamente abordadas por Obama logo que tomou posse (encerramento da prisão de Guantánamo, regulamentação das obrigações dos membros do gabinete impedidos que estão de participar em actividades de lobbying, informação on-line a todos os cidadãos das actividades do governo) o foco tem sido posto nas medidas de combate à crise : desemprego assustadoramente crescente (mais de 3 milhões de empregos perdidos no período de um ano); continuada crise no sector da habitação (sub-prime, especulação, etc) ; desastre em que se encontram as infraestruturas (estradas, pontes, maios de comunicação) ; calamidade na educação (principalmente nas escolas oficiais, completamente degradadas) ; sistema de saúde que deixa de fora dezenas de milhões de cidadãos, enquanto privilegia o escasso número de famílias que podem pagar, através do negócio das seguradoras e dos hospitais ; necessidades de investimento em sectores fundamentais (informática e comunicação, novas formas de energia, educação a todos os níveis) ; e, claro, suporte para um sistema financeiro que ruiu como baralho de cartas provocando um imenso e universal tsunami !

O pacote de medidas de início de reanimação da economia foi aprovado, com muita polémica à mistura e muita baixa política e muita ignorância e muita manipulação, com grande maioria na House of Representatives e a maioria necessaria no Senado (61 votos, num total de 100). Como o Partido Democrático tinha 58 Senadores eleitos (ainda faltava o tal senador de Minnesota) foi preciso que 3 Senadores do Partido Republicano votassem favoravelmente. Tudo isto depois de semanas de discussões, especulações, chantegens e ameaças. Finalmente o pacote foi aprovado. Cerca de 800 biliões de dólares !

Tudo isto irá conduzir ao agravamento acentuado da dívida externa americana que, no passado recente, tem tido a contribuição "generosa" dessa pátria da democracia que dá pelo nome de República Popular da China. Só que esta, por sua vez, a conta com crescentes problemas internos, já anunciou que os 600 biliões de dólares que tinha reservados para investir no estrangeiro seriam aplicados dentro do país e que, por outro lado, não compraria mais títulos da dívida pública americana.

Estamos, pois, perante um problema tradicional, desde que se inventaram as mantas e os cobertores. Tapa-se a cabeça, destapam-se os pés. Aquecem-se os pés, arrefecem os braços. Usa-se crédito e fica-se sem ele. Não se usa o crédito e morre-se de fome...

Assim vão os frutos do ultraliberalismo económico e financeiro e da desregulamentação e descontrolo iniciados na era Reagan e que arrastaram na sua queda parte importante do sistema financeiro global. Se houvesse alternativa à vista ainda se poderia desejar "paz à sua alma"... O problema é que, nos últimos anos, todo o mundo tem andado distraído com outros assuntos (o futebol, soccer, ou o futebol americano, o "terrorismo", o petróleo e os petro-dólares, as criancinhas que desaparecem, os acidentes de aviação ou comboio, os desastres, o crime organizado, o frio no inverno e o calor no verão, as enchentes e as secas, os incêndios, os casamentos das princesas da Hola, os filhos das artistas de cinema, etc), enquanto os comuns dos mortais tratam da sua própria e difícil sobrevivência...

USA News, crónica de um amigo americano, Fernando Sousa Marques : 1. A lentidão do processo

Como se sabe as eleições presidenciais realizaram-se em 4 de Novembro passado. Até agora decorreram 104 dias, mais de 3 meses ! Esta é a primeira nota. "Alguma coisa está podre no reino da Dinamarca !". Como é possível que na maior potência militar da actualidade e no centro do Império se passe tanto tempo antes de se criarem condições de governabilidade ?

Não sei se sabem, ou se o assunto é comentado por aí, mas o Senado ainda não está constituído porque falta eleger um Senador (no Estado de Minnesota) ! Houve recontagem da totalidade dos mais de 3 milhões de votos !, muita discussão !, muito trabalho !, e o caso acabou nos tribunais ! Parece que hoje terá havido uma decisão (que não sei se poderá ser sujeita a mais um recurso, ou mais uma manobra dilatória) no sentido de reconhecer a vitória do candidato do Partido Democrático (Al Franken), com mais 225 votos do que o seu principal opositor e até agora Senador Coleman, do Partido Republicano. Com esta decisão a composição do Senado será de 59 Senadores do Partido Democrático e 41 do Partido Republicano. O Partido Democrático fica a um voto de conseguir a maioria qualificada de dois terços que lhe permitiria governar sem temer bloqueios por parte da oposição.

O que importa referir, na minha opinião, são as razões que estão por detrás deste longo caso.

Primeira. O processo eleitoral precisa de ser revisto e melhorado. De dois em dois anos há eleições simultâneas para eleger os mais diversos representantes e, até, para fazer referendos. Tudo no mesmo boletim de voto, um enorme "linguado" difícil de preencher. Não quero especular dizendo que isso é feito de propósito para desmotivar a participação cívica nos actos eleitorais. Mas não estarei longe da verdade se afirmar que, de facto, essa é uma razão histórica. Por aqui é hábito haver afluências às urnas de 10 a 20 % dos eleitores inscritos, sendo que, como a inscrição nos cadernos eleitorais não é obrigatória, isso significa uma participação popular inferior a 10 % dos cidadãos com capacidade eleitoral ! A única excepção é a das eleições presidenciais em que a participação tem rondado os 50% ! Se no nosso país houvesse uma abstenção de 50 % o que não se diria ! Justificadamente !

Segunda. O sistema não está preparado, nem para uma participação plural e democrática das inúmeras organizações políticas e partidárias que por aqui pululam, nem para "empates técnicos" como o que se verificou, agora, em Minnesota e, com grande escândalo e repercussão, nas eleições de 2000 na Florida em que Al Gore foi roubado e, depois das quais, foi declarada a vitória fraudulenta de George W. Bush ! O primeiro aspecto tem a ver com uma ditadura, não do Partido Único, mas dos dois Partidos Quase Únicos. Ninguém fala dos outros ! Até parece que não existem ! O segundo aspecto tem a ver com a própria forma de preencher os boletins de voto, de os contar e, eventualmente, recontar. As experiências que têm sido feitas com a utilização do voto electrónico (sem possibilidade de controlo) e os votos por correspondência são um cancro no sistema.

Mas, quando me refiro a lentidão, não estou apenas a referir o caso de Minnesota (em 2008) ou da Florida (em 2000). Quero, sobretudo, salientar o tempo demasiado que decorre entre o dia 4 de Novembro e o dia da tomada de posse do novo Presidente (que aqui tem as funções, também, de Presidente do Governo) em 20 de Janeiro. Depois disso, o imenso tempo que leva a constituir o Governo. Não sei se é surpresa para vós, mas o Governo ainda não está constituído ! Falta preencher, entre outros casos menores, a importante pasta do Comércio ! O primeiro nome (Governador de New Mexico) indicado por Obama saiu da corrida por haver uma acusação de fraude e corrupção que está em processo de análise e o segundo (membro do Partido Republicano) desistiu do lugar depois de ter andado a desenvolver acções de lobbying para o conseguir ! Apresentou como justificação que não poderia ocupar o cargo porque viria a ter muitas divergências e discussões com o Presidente...

Cada membro do Governo e outros nomeados (Presidente da CIA, por exemplo) têm de prestar contas, caso-a-caso, perante o Senado, em processos longuíssimos e em que se analisam as contas bancárias, os escândalos sexuais e outros pormenores de grande importância para o futuro da humanidade.

Sem comentários...

2.3.09

Estrelas desejadas, estrelas rejeitadas... ou a odisseia gastronomica de um fabricante de pneus...

O que é o guia Michelin ? Um fabricante de pneus teve uma fabulosa ideia marketing e redigiu, no inicio do século XX, um guia prático de viagem. O famoso pequeno livro vermelho tornou-se uma referência em matéria gastronómica.

Não conheço as razões de tal sucesso. Talvez por ter sido o primeiro. Ou o primeiro a exportar-se. Hoje surgem muitas interrogações sobre a sua legitimidade.

O impacto sobre a profissão é impressionante e irracional pois o guia Michelin não motiva as suas escolhas, satisfazendo-se de um vago comentário. Difícil será compreender a lógica, a coerência e o rigor, mas o resultado é visível : cada edição é um evento e 500.000 exemplares são vendidos. Fazem-se ou desfazem-se carreiras, estrelas nascem ou morrem, os chefes deprimem, presume-se que o suicídio de um deles (Bernard Loiseau) seja directamente relacionado à perda de uma estrela.

A opacidade, a pretexto da independência, tornou-se regra e embora o guia comunique veementemente sobre o n° de críticos gastronómicos e os critérios de avaliação, não conseguirá convencer enquanto não fundamentar as suas decisões.

Conhecemos o nome dos cozinheiros “oscarisados” assim como a lista das vitimas. A recompensa do trabalho de tantos profissionais fica assim dependente de tão fracos critérios. Mas o sistema simplista explica certamente o sucesso : 0, 1, 2 e 3. Ponto final. De fácil compreensão pela comunicação social, de fácil memorização pelos clientes. O guia dá às pessoas o que elas querem receber.

Esta semana Eric Fréchon (Le Bristol) recebeu 3 estrelas e atingou o nirvana. Outro, Cédric Béchade (l'Auberge Basque) deplorou que o guia não tenha respeitado a sua escolha de recusa de 1 estrela. Este chefe de 32 anos declarou : “La question de savoir si on va la garder ou en avoir une autre, nous détourne chaque année pendant deux mois de notre mission : le bonheur de nos hôtes, avec des conséquences sensibles sur l'activité et notre moral. Cette étoile ne modifiera en rien mon projet pour l'Auberge basque ni notre attitude vis-à-vis de nos hôtes et en tout cas nous ne toucherons pas à nos tarifs. C'est l'étoile qui s'adaptera à l'auberge et non l'inverse".No seu restaurante, o menu "Découverte" custa 43 ou 48 euros, o menu "Dégustation" 85. No Bristol, o almoço dito "de Saison" 95, o "Saveurs Hivernales" 220.

1.3.09

Lido no Jornal de Notícias... é preciso ter muito azar e muita sorte !

Holandês sobrevive a 2 acidentes aéreos numa semana

Um dos passageiros que sobreviveu ao acidente aéreo da passada quarta-feira em Amesterdão, com nove mortos, tinha sofrido na semana anterior um outro acidente aéreo em Istambul, que se saldou sem vítimas.

O cidadão holandês Rob De Knecht viajava no passado dia 19 de Fevereiro num avião com destino ao Iraque que, ao aterrar para uma escala em Istambul, derrapou na pista e foi embater de frente num poste de iluminação, revelou hoje a agência noticiosa holandesa ANP.

Apenas seis dias depois, estava a bordo do avião da Turkish Airlines, proveniente da capital turca, que se despenhou pouco antes de aterrar no aeroporto de Amesterdão, por causas ainda desconhecidas, partindo-se em três e provocando a morte de três pessoas e ferimentos em mais de 80.

No seu último acidente aéreo, Rob De Knecht partiu apenas quatro costelas.

O cidadão holandês recordou que o comandante do avião avisou a tripulação e os passageiros que iam aterrar daí a alguns minutos no aeroporto de Amesterdão e uns segundos depois o avião caiu.