28.2.09

Séraphine...

Louis, mais conhecida como Séraphine de Senlis (1864-1942), trabalhou como empregada doméstica, primeiro num convento, depois numa familia burguesa. Um dia, com 42 anos, ouve uma voz que lhe dá a ordem de pintar. Completamente autodidacta, fabrica os seus próprios pigmentos. Profundamente mística, dizia "Mon geste vient d'en Haut".

As suas primeiras telas interpelam o colecionador alem
ão Wilhelm Uhde, amigo de Braque et de Picasso, que aluga um apartamento em Senlis, nos arredores de Paris, e que, surpreendido pela intensidade latente, encoraja-a a continuar nessa via. Durante a primeira guerra mundial, Wilhelm Uhde deve fugir de França e Séraphine cai na miséria. De regresso em 1927, ele organiza exposições para mostrar as telas, grandes ramos de flores e de folhas. Mas Séraphine enlouquece pouco a pouco. Morre com 78 anos num hospital psiquiátrico onde foi internada apos um escândalo público, deixando cerca de 80 obras.

Vi este filme em Novembro de 2008, e reli, logo a seguir, a biografia de Camille Claudel, e embora a vida desta última tenha sido completamente diferente, a semelhança entre os dois fins de vida deixa alguma perplexidade, como se a originalidade tivesse que ser expiada.

Ontem à noite a cerimónia dos Césars reconheceu a qualidade extrema da composição de uma actriz fora de normas, Yolande Moreau, completamente habitada pela personagem de Séraphine. Algumas obras podem ser vistas no Museu Maillol, em Paris, até 31 de Março.

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